Wagner Freitas, presidente da CUT, diz que reportagem do programa Fantástico neste domingo 17, que destacou o “rombo da Previdência”, “deixou claro que a TV Globo – e outros órgãos da mídia tradicional – vai continuar manipulando as informações para tentar justificar a retirada de direitos da classe trabalhadora”; o dirigente sindical afirma que o chamado “déficit” é um “mito” e que a emissora usou um dado errado sobre sonegação
O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, publicou em seu blog um texto em que critica a reportagem exibida neste domingo 17 pelo programa Fantástico, da TV Globo, sobre o “rombo da Previdência”.
Para o dirigente sindical, a matéria “deixou claro que a TV Globo – e outros órgãos da mídia tradicional – vai continuar manipulando as informações para tentar justificar a retirada de direitos da classe trabalhadora”. Freitas afirma que o chamado “déficit” é um “velho falso argumento” e também um “mito”.
Ele aponta ainda que a TV Globo usou um número errado para demonstrar a sonegação de impostos previdenciários (R$ 26 bilhões), quando na verdade, de acordo com um estudo do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) indica que foi R$ 103 bilhões em 2015.
Leia abaixo o texto do presidente da CUT:
Fantástico faz malabarismo para tentar justificar reforma da Previdência Social
Até números errados o programa da TV Globo usou
O Fantástico exibiu neste domingo, 17, uma longa reportagem sobre o que eles chamaram de “rombo” da Previdência Social. A única coisa que a matéria deixou claro foi que a TV Globo – e outros órgãos da mídia tradicional – vai continuar manipulando as informações para tentar justificar a retirada de direitos da classe trabalhadora.
O interino Temer está discutindo o aumento da idade mínima para aposentadoria e redução do valor dos benefícios. A mídia, que faz o jogo do mercado, e as instituições financeiras, interessadas em vender planos de previdência privada, aprovam a medida.
Eles insistem no velho e falso argumento de que há déficit da Previdência e que, para equilibrar as contas, é preciso mudar as regras da aposentaria. Isso é um mito. A Constituição brasileira definiu três fontes de financiamento previdenciário: as contribuições de empregados, dos empregadores e a parte bancada pelo Tesouro Nacional. Essa terceira fonte legal de financiamento é sempre ignorada pelos defensores da reforma. Como eles tiram do cálculo os recursos provenientes do Tesouro, em 2015 ficou um rombo de R$ 85 bilhões. Isso está errado!
Além disso, legalmente não existe conta da Previdência separada do Orçamento da Seguridade Social, como expliquei recentemente nesse blog
Outra balela é dizer que o Brasil é um dos poucos países que não tem idade mínima para aposentadoria. Desde 1998, a idade mínima para os/as trabalhadores/as urbanos se aposentar é de 65 anos para os homens e 60 anos no caso das mulheres com 60 anos. Isso, desde que tenham contribuído durante pelo menos 15 anos. Detalhe, cerca de 53% das aposentadorias concedidas no Brasil são por idade, dado que a matéria obviamente esconde.
A repórter ou a produção poderiam ter lido a cartilha do Sindicato dos Bancários de São Paulo , que explica de forma clara tudo sobre Previdência Social.
A matéria menosprezou a sonegação de impostos previdenciários e usou um dado errado – R$ 26 bilhões de sonegação. Estudo do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) mostra que a sonegação da Previdência em 2015 foi de R$ 103 bilhões , valor mais do que suficiente para cobrir o suposto déficit.
A Previdência Social, patrimônio do povo brasileiro, é o maior programa social do país, inclui distribui renda, garantindo a sobrevivência de cerca de 90 milhões de pessoas, que consomem e geram renda para comércio, indústria e agricultura, fazendo a economia girar.