Trabalhadores entregam reivindicações aos bancos

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Encontro marca início da Campanha Nacional de 2024 para a renovação da Convenção Coletiva da categoria; Trabalhadores do BB e da Caixa também entregaram minutas específicas de renovação de acordos coletivos

O Comando Nacional dos Bancários, que representa as trabalhadoras e os trabalhadores da categoria, entregou, nesta terça-feira (18), a minuta de reivindicações à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). O documento servirá de base à Campanha Nacional de 2024, para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.

Também hoje, os representantes dos trabalhadores na Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e na Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa entregaram, aos respectivos bancos, as minutas de reivindicações para a renovação dos Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) específicos.

A minuta entregue à Fenaban seguiu uma série de processos até sua conclusão, passando por conferências regionais e estaduais, foi elaborada com base na Consulta Nacional dos Bancários, que quase 47 mil bancários. O documento foi ainda submetido à aprovação na 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e em assembleias realizadas em todo o país, com aprovação de mais de 95% dos votantes.

Destaques: mudanças tecnológicas, valorização salarial e crise climática

Diante da conjuntura ímpar imposta pelas novas tecnologias – com destaque à Inteligência Artificial – e que traz mudanças profundas no sistema financeiro, a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, reforçou a importância da mesa de negociação.

“Esta mesa é um grande exemplo de negociação coletiva, no Brasil, para as demais categorias e esperamos continuar com a ajuda de todos para valorizar esse espaço. Não há de democracia, sem sindicatos fortes”, pontuou.

Ela destacou que, somente no ano passado, os bancos tiveram um crescimento de 5%, o que representou R$ 145 bilhões. “Diante desse dado, que é resultado direto das trabalhadoras e dos trabalhadores, temos a expectativa de um bom acordo”, ressaltou a dirigente.

Juvandia reforçou na mesa que, além das reivindicações por aumento real de 5% (inflação + 5%), valorização do VA e VR, e aumento da PLR, os trabalhadores pedem a manutenção dos empregos, a igualdade salarial entre homens e mulheres, o combate ao assédio (moral e sexual) e saúde, ao lembrar, neste último ponto, que a pressão por metas tem relação com o aumento de casos de adoecimento na categoria.

O papel do sistema financeiro no combate à crise climática, também foi apontado por Juvandia. “Os bancos não podem colaborar com empresas ou investimentos sem compromisso ambiental”. Ainda neste ponto, a dirigente reforçou a importância de mesas de negociação para atender os trabalhadores atingidos por catástrofes, como a que ocorreu diante da tragédia no Rio Grande do Sul.

Categoria unificada

Neiva Ribeiro, também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), reforçou a importância da organização da categoria, na consolidação da minuta entregue à Fenaban.

“Esta pauta foi construída a partir de um processo vigoroso de debates e conferências, pelo país, entre nossas bases. Foi um trabalho árduo, diante de tantas questões importantes para a categoria, diante do mundo do trabalho que está em transformação, com profunda interferência da inteligência artificial, da revolução 4.0 e que impactam todo o cenário político e econômico”, observou.

“Esperamos, nos próximos dias, avançar bastante na defesa do emprego, em condições de trabalho que não sejam adoecedoras, para um mundo mais saudável e aperfeiçoando os mecanismos de combate ao assédio moral e sexual”, completou.

Davi Zaia, vice-presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), destacou a importância de haver a garantia dos direitos dos trabalhadores, diante das mudanças tecnológicas e do mercado. “Vivemos um cenário bastante complexo, mas é possível alcançar uma boa convenção coletiva, na mesa de negociações, que, ao longo dos anos, aprimoramos com muito diálogo”, pontuou.

Carlos Pereira de Araújo, da Intersindical, observou que “as inovações devem estar a serviço de todos e, sobretudo, dos trabalhadores”. Nesse sentido, acrescentou que a preservação de empregos é determinante para o futuro da humanidade, dado o papel dessa função para a segurança e bem-estar social.

Hermelino Neto, vice-presidente da CTB nacional, ressaltou ainda que o momento exige reflexão profunda sobre como enfrentar a crise climática, “fruto da acumulação perversa de recursos e riquezas, que resultam nas tragédias hoje enfrentadas”, relacionando o tema à outra pauta também defendida pelo movimento sindical bancário que é da política monetária do Banco Central, que mantém taxa básica de juros (Selic) elevada e prejudicial para o desenvolvimento econômico do país.

Calendário

As negociações já começam na semana que vem. Veja abaixo o calendário de negociações.

• Junho: 26/6
• Julho: 2, 11, 19 e 25/07
• Agosto: 6, 13, 20 e 27/8

Reivindicações da campanha 2024

Os nove eixos da minuta de reivindicações, aprovados pela categoria, são:

•Aumento real de 5% (inflação + 5%), PLR maior e ampliação de direitos
•Fim do assédio e dos instrumentos adoecedores na cobrança de metas
•Representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro
•Defesa dos empregos, considerando os avanços tecnológicos no trabalho bancário
•Redução da taxa de juros para induzir o crescimento econômico e geração de emprego e renda
•Reforma tributária: tributar os super ricos e ampliar a isenção do IR na PLR
•Fortalecimento das entidades sindicais e da negociação coletiva
•Ampliação da sindicalização
•Fortalecimento do debate sobre a importância das eleições de 2024 para a classe trabalhadora na defesa de seus direitos e da democracia: eleger candidatos e candidatas que tenham compromisso com as pautas dos trabalhadores

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