Central nasceu em 1983, quando o país estava para completar duas décadas de ditadura e vivia arrocho e desemprego. Agora, continua lutando por democracia e eleições livres
São Paulo – O surgimento da CUT em 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, se deu em meio a um regime ditatorial, prestes a completar duas décadas, e a uma grave crise econômica, traduzida em arrocho e desemprego. Nesta terça-feira (28), quando completa 35 anos, a central enfrenta outros desafios, alguns bem parecidos: contra um Estado de exceção, contestando um golpe que destituiu uma presidenta eleita legitimamente, e que não cometeu crime, e reivindicando eleições democráticas em 7 de outubro, com a garantia da presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato.
“Nascemos do enfrentamento que ajudou a derrubar a ditadura militar e deu início à redemocratização deste país”, afirma o presidente da CUT, Vagner Freitas, acrescentando que o atual golpe não destruiu, mas fortaleceu a entidade. A central “está à frente de todos os enfrentamentos contra os ataques aos direitos sociais e trabalhistas”.
Em toda a sua história, a CUT sempre esteve nas ruas, lembrou Vagner. “Lutamos contra a ditadura, contra a carestia e contra o golpe, que a mídia chamou erradamente de impeachment. Não foi impeachment porque não foi comprovado crime de responsabilidade. A CUT nunca deixará de fazer a defesa da classe trabalhadora, nosso compromisso histórico desde a fundação.”
Foi nas ruas, diz ele, que ao lado das demais centrais sindicais “construímos a maior greve geral da história deste país contra a reforma da Previdência”, lembrando do movimento de 28 de abril do ano passado. “Nas ruas e nos locais de trabalho, “combatemos as reformas e medidas recessivas que retiraram direitos da classe trabalhadora. Nas ruas, defendemos as empresas e bancos públicos, denunciamos o desmanche dos programas sociais. Nas ruas lutamos, e continuaremos lutando, contra todo tipo de injustiça. Nas ruas, defenderemos o direito de um operário disputar a Presidência da República”, diz Vagner.
Segundo o presidente da CUT, o 7 de outubro, dia do primeiro turno eleitoral, é a oportunidade de “recuperar a legalidade democrática” do país e eleger Lula, “o melhor presidente da história do país, segundo o povo brasileiro”.
De acordo com a central, atualmente são 3.980 entidades filiadas e 25,8 milhões de trabalhadores na base, sendo 7,9 milhões sindicalizados.
Sessão solene
A Câmara dos Deputados realizou ontem (27) sessão solene em homenagem à CUT, requerida pelos deputados Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), ex-presidente da central, e Erika Kokay (PT-DF), que comandou a entidade no Distrito Federal. O evento também lembrou os 39 anos da Lei da Anistia.
“Estamos lutando para que se faça justiça neste oaís, para que o povo brasileiro tenha consciência de períodos traumáticos da história, entre eles a ditadura militar”, disse Erika. “A CUT mantém uma coerência nos seus propósitos e na relação com suas bases. Ela se transformou na maior central sindical do Brasil e na quinta maior do planeta. Organizou-se e relaciona-se com o mundo de maneira fraterna, dando vasão ao ditado de que a classe operária é internacional”, afirmou Vicentinho.
Rede Brasil Atual