Banco não respeita limitações causadas pela crise e tem exigido metas inalcançáveis pelo programa Agir; trabalhadores estão estressados e com medo das demissões
Não bastassem as demissões que estão ocorrendo no Itaú, o banco está dobrando as metas exigidas dos trabalhadores pelo Agir, programa com uma série de itens de vendas e atendimento a serem cumpridos. E isso em plena pandemia de coronavírus, momento em que a comercialização de produtos bancários está muito mais difícil.
O crédito consignado é um exemplo: em outubro a meta do produto pelo Agir veio 30% maior do que em setembro, e após o governo divulgar o aumento na margem de consignado INSS de 30% para 35%, a meta do consignado aumentou mais 30%. Mas as exigências do Agir incluem também ítens como tempo de atendimento ao cliente, contratação de crédito, abertura de contas, venda de plano de capitalização, entre outros. E vários desses pontos tiveram suas metas ampliadas sem levar em conta o momento atípico pelo qual o país está passando por conta da pandemia de coronavírus.
“O Itaú precisa levar em consideração que estamos enfrentando uma crise sanitária e econômica sem precedentes nas últimas décadas, que o desemprego no país está ainda maior, e que poucas pessoas estão dispostas a contratar produtos bancários”, pondera Márcia Basqueira, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do Itaú.
“Além disso, as próprias condições de funcionamento das agências dificulta o alcance das metas: as unidades estão funcionando em horários reduzidos, muitos bancários estão afastados por serem do grupo de risco, e muitos clientes não estão indo às agências, nem dispostos a atender os bancários por telefone. Tudo isso, somado ao medo das demissões promovidas pelo Itaú em plena pandemia, tem deixado os trabalhadores sobrecarregados, estressados e adoecendo”, denuncia a dirigente.
O Sindicato está cobrando do banco que revise as metas do Agir, que estão ultrapassando os 1.200 pontos. “As metas abusivas sempre foram um problema no setor financeiro, e o Sindicato sempre atuou tentando combater o problema. Mas agora o Itaú está passando dos limites. Exigir o cumprimento de 150% das metas nessas condições totalmente adversas, e com o banco alegando baixa performance para demitir é desumano. Vamos continuar cobrando que isso seja revisto”, diz a dirigente.
Fonte: Contraf-Cut