Banco contribui para o aumento do desemprego e não ajuda na retomada do crescimento econômico
O Itaú obteve em 2015 o maior lucro anual da história de um banco registrado até hoje, de R$ 23,8 bilhões, aumento de 15,6% em relação ao resultado do ano anterior, superando seu próprio recorde de 2014. O retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE) ficou em 23,9%, estável em relação ao ano anterior. O balanço foi divulgado nesta terça-feira (2).
Apesar do excelente desempenho, o banco reduziu 2.711 postos de trabalho, contribuindo para o aumento do desemprego no país e para a piora das condições de trabalho em suas unidades.
De acordo com a análise feita pelo Dieese, a holding encerrou o ano de 2015 com 83.481 empregados no país, com redução de 2.711 postos de trabalho em relação a 2014. Foram abertas 63 agências digitais e foram fechadas 120 agências físicas no país no ano (sendo 3.816, em dezembro de 2015). O total de agências no Brasil e exterior encerrou 2015 em 4.985.
Segundo Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, com este lucro bilionário fica difícil ao banco justificar porque continua seguindo com sua política de demissões, que reduziu postos de trabalhos extremamente necessários na conjuntura, tampouco explica porque está fechando agências. “Não está ajudando em nada a retomada do crescimento da economia brasileira. O balanço deixa claro também que a receita de serviços mais as receitas de tarifas continuam a pagar todas as despesas com pessoal e ainda apresentam um saldo excedente” afirma.
Para ele, todos os impactos que poderiam incidir nas despesas com pessoal (como o reajuste dos salários, por exemplo) foram resolvidos através da rotatividade: “A Contraf-CUT vem denunciando estas artimanhas da rotatividade praticada pelos bancos pois estas demissões e posteriores contratações por menores salários provocam a redução dos salários médios e os ganhos da categoria”, destaca.
Aumento da Selic teve impacto no resultado
O crescimento das receitas com Títulos e Valores Mobiliários (TVM) foi diretamente influenciado pelos sucessivos aumentos na taxa Selic e elevação nos índices de preços, apresentando um crescimento de 65,6%, totalizando R$ 64,8 bilhões.
Receitas com tarifas cobrem despesas em 164,7%
A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias apresentou crescimento de 11,1% no período, totalizando R$ 30,8 bilhões.
As despesas de pessoal subiram 13,8%, atingindo R$ 18,7 bilhões, tendo como principal destaque o aumento de despesas com processos trabalhistas e desligamento de funcionários que variou 32,5% em relação a 2014, perfazendo um montante de R$ 1,9 bilhão. Em 2015, a cobertura da despesa de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 164,7%.