Mais da metade das categorias fechou acordo abaixo da inflação. Estratégia de acordo de dois anos dos bancários preservou direitos e garantiu aumento real
A data base da categoria bancária é 1° de setembro, mês referência para o aumento salarial, PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e demais verbas remuneratórias. Uma estratégia vitoriosa foi o acordo de dois anos, diante da mais dura conjuntura econômica e política das últimas décadas para os trabalhadores, com retirada de direitos trabalhistas e previdenciários e arrocho salarial impostos pela política do Governo Bolsonaro. Esta conquista garante a reposição da inflação (INPC integral) dos últimos 12 meses, mais um aumento real de 0,5%. Sendo assim, a inflação mais o aumento real garantirá pelo menos 10,01% até julho. Mas falta ainda a divulgação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado, que é medido para o reajuste da categoria – de agosto, que será divulgado no próximo dia 9 de setembro, quinta-feira, para completar os 12 meses para o cálculo completo do reajuste.
O índice do reajuste
Segundo dado do IPCA-15 de agosto, que funciona como uma prévia, a inflação foi de 0,89%, e nada aponte para o declínio dos preços. Portanto, é provável que o reajuste dos bancários e bancárias fique entre 10,70% e 11,20% este ano. É aguardar para conferir.
“Nosso acordo de dois anos é considerado uma referência de estratégia bem sucedida diante da conjuntura adversa para os trabalhadores. Infelizmente, a maioria das categorias fechou acordos este ano sem conseguir sequer a reposição da inflação, sofrendo perdas no poder de compra, o que confirma que os sindicatos da categoria e a Contraf-CUT acertaram no acordo de dois anos”, avalia o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira.
Estratégia acertada
Segundo estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), cerca de 59% das negociações das categorias finalizadas em julho ficaram abaixo da inflação medida pelo INPC, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apenas 16% dos acordos conseguiram índices iguais ao da inflação e 25% resultaram em aumento real.
A variação real média dos salários foi negativa: -1,87%, reduzindo os ganhos dos trabalhadores. O cálculo do Dieese foi feito em cima de 129 reajustes avaliados.
Já os números do “Salariômetro” da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), mostra qe em julho, a média dos reajustes foi de 7,6%, abaixo dos 9,2% da inflação do período, com perda real nos salários de 1,6%.
Ao longo de 2021, de acordo com o Dieese, os reajustes acima do INPC representaram apenas 17,5% do total, sendo iguais à inflação 32,2%. Índices abaixo da inflação representaram mais da metade dos acordos, chegando a 50,3% do total.
“Diante de um governo que só pensa no lado patronal, ataca direitos dos trabalhadores e achata salários e desta política econômica que resultou em 15 milhões de desempregados, mais cinco milhões de brasileiros que desistiram de procurar trabalho, os chamados desalentados e metade dos trabalhadores no mercado informal, sem direito a nada, foi uma decisão certa da categoria o acordo de dois anos que preservou conquistas históricas e manteve o aumento real, acima das perdas inflacionárias, apesar de sabermos que os bancários e bancárias merecem muito mais”, completa José Ferreira. O sindicalista lembra ainda que a categoria tem lutado pelas medidas de prevenção à Covid-19 e para garantir os direitos também para que os empregados que permaneceram no teletrabalho.
Fonte: Seeb RJ