Sem negociar com o movimento sindical, o Santander abrirá suas 3 mil agências, em todo o Brasil, no próximo sábado 22 de janeiro, das 10h às 14h, por conta do lançamento da campanha “Desendivida”. A iniciativa foi anunciada no domingo 16, durante o programa Fantástico, da Rede Globo, pegando trabalhadores de surpresa.
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Trabalharão gerentes de negócios e serviços de 8 horas; gerentes gerais; gerentes administrativos; e gerentes PJ, PF e Van Gogh. Não trabalharão caixas, GNS de 6 horas e demais cargos não descritos acima.
Os bancários que trabalharem as 4 horas compensarão uma hora e meia para cada hora trabalhada. E a compensação se dará na semana seguinte, e não nos 6 meses praticados por meio da Política Interna de Compensação de Horas, que não foi negociada com o movimento sindical.
Importante frisar que não houve nenhuma negociação com o movimento sindical sobre a abertura das agências no sábado, nem qualquer espaço por parte do banco a fim de melhorar as condições para os trabalhadores. Houve unicamente uma conversa telefônica, por meio da qual foi informada a decisão, que já havia sido tomada pela direção do banco.
“É importante que aja conversas antes da comunicação pública, mas mais do que conversar, queremos espaço de negociação, espaço para colocar o sentimento do trabalhador, as condições de trabalho, as dificuldades impostas pela abertura num sábado, mas o Santander insiste na postura antissindical e antitrabalhador.”
Lucimara Malaquias, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Santander
O banco negou o pagamento de horas extras alegando dificuldades sistêmicas para tal.
“Além de convocar para trabalhar aos sábados, durante a pandemia, o banco ainda se nega a pagar horas extras. Para abrir uma agência no sábado, o banco precisa fazer alterações sistêmicas e logísticas complexas, e tudo isso foi feito em tempo recorde, mas quando se trata de beneficiar os funcionários, o banco sempre tem uma enorme dificuldade. Isso só aumenta a indignação dos trabalhadores”, pontua Lucimara.
Endividamento da população: sistema financeiro também é culpado
O banco alega que a inadimplência está alta e numa crescente, o que tem levado muitos clientes a serem negativados, e, por conta disto, ficarem sem crédito no mercado, num momento crítico de desemprego agravado pela crise econômica e sanitária no país.
Mas é importante ressaltar que o Santander, como todo o sistema financeiro, é parte da crise econômica no país, tendo em vista as tarifas e juros extorsivos e também a prática de direcionar e segmentar o crédito para públicos que despertam interesse financeiramente.
“O Santander pode fazer muito para reduzir a inadimplência e a pobreza no país: gerar empregos; parar as demissões; reduzir juros e tarifas; interromper a terceirização; deixar de apoiar projetos de leis que retiram direitos e reduzem a massa salarial da população; e incentivar o crédito para pequenas e médias empresas, e oferecer crédito responsável para os clientes”, enumera Lucimara.
Medida tomada em pleno agravamento da pandemia
Além disto, o país vive o agravamento da pandemia do coronavírus, junto com um surto de Influenza, o que tem causado aumento nas contaminações nas agências e prédios e prejudicado os bancários.
Nesta situação específica, há uma questão social colocada: a campanha Desendivida pode ajudar milhares de clientes que já estão sem crédito ou prestes a negativarem, num momento em que mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas e sem perspectivas de retornarem ao mercado de trabalho.
“Porém há formas mais eficazes para ajudar a população, uma delas é contratar bancários para que possam atender a demanda de segunda a sexta, e das 10h às 16h”, sugere Lucimara.
O Sindicato constatou uma grande indignação dos trabalhadores em trabalharem no sábado, em meio a um momento crítico da pandemia de covid-19 e do surto de influenza. Além disto, ao longo da pandemia, o Santander tem exposto bancários ao trabalho presencial, protocolos frágeis contra covid-19 e intensificado a terceirização que, na prática, significa retirada de direitos.
“Em que pese a questão social colocada na campanha, é primordial que o Santander atue para garantir a saúde e a vida dos bancários e clientes; que gere empregos decentes, e não terceirizados; que dê contrapartida social ao país de forma permanente; que reduza os juros e tarifas que são impraticáveis no restante do mundo; que dirá durante uma crise econômica e sanitária”, protesta Lucimara.
Trabalhadores pegos de surpresa
Os principais afetados com o trabalho aos sábados foram pegos de surpresa: a maioria dos trabalhadores receberam a informação durante o programa fantástico na Rede Globo, o que aumentou a indignação.
“Mais uma vez fica claro o descaso do banco com os funcionários. O clima interno entre os trabalhadores é de extrema indignação, esperamos que isto sirva de aprendizado para a direção do Santander, para que no futuro avalie melhor as campanhas desenvolvidas. Pois a satisfação dos trabalhadores é condição básica para o sucesso da ação”, afirma Lucimara.
Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo