Banco Central volta a elevar Selic, enquanto privilégios seguem intocados

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O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central voltou a elevar a taxa de juros, desta vez em um ponto percentual, para 12,25% ao ano.

A reunião que decidiu por mais uma alta na Selic ocorreu nesta quarta-feira 11, a última sob o comando de Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro para presidir o BC por dois anos.

O ciclo de alta começou em setembro, quando o Copom optou por um movimento mais gradual, de elevação de 0,25 ponto percentual.

A nova alta de juros ocorre um dia após a divulgação de que inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 0,39% em novembro, após alta de 0,56% em outubro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mercado financeiro insatisfeito

Os recentes cortes de gastos propostos pelo governo, totalizando R$ 70 bilhões em dois anos e R$ 327 bilhões em cinco anos, deixou insatisfeito o mercado financeiro, que esperava um conjunto mais amplo de reformas a fim de controlar o aumento da dívida pública.

Com a insatisfação, em novembro a moeda estadunidense superou a marca de R$ 6,10. A especulação financeira sobre o dólar pressiona a inflação e estimula o Banco Central a elevar a taxa de juros.

“Um movimento que beneficia a própria elite financeira, que lucra com a alta de juros da dívida pública, já que os principais detentores dos títulos desta dívida são bancos, fundos de investimento e de previdência, seguradoras, e de indivíduos que moram foram do país”, afirma Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Em 2023, os gastos do governo federal com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública somaram R$ 1,89 trilhão, o que representou 43,23% do Orçamento Federal Executado (R$ 4,36 trihões), segundo a Auditoria Cidadã da Dívida.

Isenção de IR desagradou elite econômica

A reação negativa do mercado financeiro com o pacote econômico do governo objetivando conter a alta da dívida pública se intensificou diante da proposta de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil, o que desagrada parte da elite econômica, que encara a medida como uma ameaça aos benefícios fiscais e privilégios concedidos às camadas mais elevadas da pirâmide social.

Como exemplo dos privilégios, podem ser citados os supersalários pagos à casta superior do serviço público, isenções fiscais a setores da economia e um sistema tributário que cobra menos impostos dos mais ricos.

“A disputa pelo Orçamento é permanente, com o mercado financeiro defendendo ajustes fiscais apenas para as camadas mais pobres da população, por meio de redução de investimentos sociais, para que os privilégios e a renda dos mais ricos sigam intocáveis, com auxílio de insenções fiscais, de salários maiores do que o previsto pelo teto constitucional para parte do funcionalismo público, e de um sistema tributário que cobra menos impostos de quem deveria pagar mais”, afirma Neiva Ribeiro.

Neiva enfatiza que o movimento sindical defende uma reforma tributária justa e progressiva.

“A população brasileira não pode ser refém de meia dúzia de agentes do mercado financeiro que quererem impor sua agenda visando manter os privilégios dos mais ricos e, de quebra, justificar o aumento da taxa de juros que afeta o setor produtivo e beneficia quem lucra com a alta da Selic. A política fiscal deve andar junto com a política monetária a fim de beneficiar a sociedade, promovendo crescimento econômico e desenvolvimento social”, finaliza a dirigente.

Fonte: SP Bancários.

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