Lula avisa que quem pode tirar o Brasil da crise é o povo trabalhador

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O ex-presidente destacou que o país vive hoje o período mais longo de sua história de democracia contínua e que não pode aceitar o golpe

“Nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida, eu vou ajudar a presidenta Dilma a governar esse país”, declarou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvia, na tarde desta quarta-feira (23), durante a Plenária Nacional de Sindicalistas em defesa da democracia, do Estado de Direito e contra o golpe, organizado pela CUT, pela CTB, e por representantes da UGT, da Força Sindical, da CSB e da Nova Central, em São Paulo. O ato também marcou o encerramento da reunião do Comando Nacional dos Bancários, iniciada pela manhã, na sede da Contraf-CUT.

Lula ainda deixou um recado a quem o investiga. “Se algum deles que estão falando de mim e de minha família forem um centavo mais honesto do que eu, eu saio da vida política”, prometeu ao completar que não é contra o combate a investigação, mas sim contra julgamentos serem feitos por páginas de jornais. “Eu sei o que eles estão fazendo comigo, com todo esse show pirotécnico. Mas, eles não sabem que um nordestino que escapou da morte até os cinco anos de idade e foi levado à Presidência pelo povo, não vai desistir por meia dúzias de acusações.”

Ele ainda lembrou que não quer um país dividido entre petistas e não petistas. “Nós podemos dividir entre os que querem manter e ampliar os direitos dos trabalhadores e os que querem retirar os direitos”

O ex-presidente aproveitou a oportunidade para fazer um pedido aos deputados e aos senadores. “Nos deem seis meses para governar com paciência que fazemos esse país voltar a crescer”, disse ao explicar que sua intenção é andar por todo o país para conversar diretamente com as pessoas, através dos pequenos jornais e rádios de cada cidade e não das redes nacionais de comunicação.

Lula revelou que a presidenta Dilma já havia pedido para que ele fizesse parte do governo em agosto do ano passado, mas negou por saber a responsabilidade de dois presidentes dividirem espaço no governo. “Desta vez eu aceitei porque, diante da crise política, ela precisava de mim. Eu aceitei porquê tenho plena consciência de que posso ajudar a Dilma com o que melhor sei fazer na vida: conversar. Conversar com os mais pobres, conversar com os ricos, conversar para governarmos para todos”. O ex-presidente ressaltou ainda que o Brasil não pode continuar com uma política econômica que não permita geração de emprego. “Quem pode ajudar o país a sair da crise é o povo trabalhador.”

Lula lembrou que quando assumiu seu governo, sabia que tinha de construir um consenso, não podia brigar com ninguém, mas nunca deixou de ter seu lado. “Nunca antes na história desse país os sindicalistas ajudaram tanto o governo. Nunca também os trabalhadores tiveram um período tão grande de aumento real consecutivo.”

Antes de encerrar, o ex-presidente deixou um recado a seus apoiadores e a seus opositores. “Esse país não pode aceitar o golpe. Eu vou esperar pacificamente minha posse. Mas se engana quem acredita que eu só posso ajudar o país como ministro.”

Um ato de sindicatos e sindicalistas

O presidente da CUT, Vagner Freitas, classificou o evento desta quarta como “um ato de sindicatos e sindicalistas para defender os interesses da classe trabalhadores, que é quem está sob ameaça”. Segundo ele, os que querem dar o golpe são os mesmos que querem retirar os direitos dos trabalhadores. “O papel dos sindicalistas são mais do que participar de atos como este. É também ir para rua, mostrar os malefícios do golpe para a classe trabalhadora, politizar os trabalhadores. O trabalhador tem que saber que tiver golpe, ele será o mais prejudicado. A mobilização começa na base.”

Mais cedo, o Comando Nacional dos Bancários se reuniu na sede da Contraf-CUT, em São Paulo, para avaliar a conjuntura econômica e política atual do País. Um dos principais assuntos debatidos foi o Ato Pela Democracia, marcado para 31 de março, em Brasília. Caravanas de todo o Brasil vão até a capital federal.

Para o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, algumas coisas precisam ficar claras. “A palavra é golpe, não existe outra que sintetize, porque estão tentando implantar um estado de exceção. O ataque é a neutralização dos movimentos sociais. Isso está sendo feito no Congresso Nacional, inimigo do povo. Prospera nos subterrâneos do Congresso a CPI dos sindicatos”, alertou. “Teremos Olimpíadas, eleição, inflação, desemprego. É neste cenário que vamos construir nossa campanha com reposição da inflação e aumento real de salário. Temos unidade, mobilização e entidades que têm luta e vamos vencer”, convocou.

Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT, concordou que fazer impeachment sem motivo, é golpe. “A oposição, os empresários, querem a flexibilização de direitos trabalhistas, idade mínima para aposentadoria, terceirização. Estão articulando CPIs contra o movimento sindical. Nossa categoria vai sofrer ataques. Vamos continuar nossa luta para impedir o golpismo, temos necessidade de debate da democracia de forma geral, fazer a reforma política é essencial.”

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