Mais mulheres na TI: movimento sindical apresenta programa para Ministério da Mulher

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Iniciativa de promoção de gênero no setor de tecnologia é conquista da categoria, na Convenção Coletiva de Trabalho

Bancárias do movimento sindical apresentaram, nesta quinta-feira (27), o programa “Mais mulheres na TI”, para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em Brasília. A iniciativa é uma conquista da categoria, obtida na última campanha nacional de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), gerando dois cursos financiados pelos bancos, de capacitação de mulheres na área tecnológica, com prioridade às negras, com deficiência, mães e trans.

São 3.100 bolsas de estudos, sendo 3.000 da escola PrograMaria e 100 da escola Laboratória. Para realizarem os cursos, as candidatas não precisam ter conhecimento prévio na área de tecnologia da informação. A diferença entre os cursos são carga horária e áreas de aprendizado. A primeira fase de inscrições já se encerrou. Clique aqui e saiba mais.

A secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, ressaltou que essa conquista só foi possível por conta de “uma construção” de direitos adquiridos pelas bancárias na mesa de negociação “Igualdade de Oportunidade”, formada por representantes sindicais e por representantes dos bancos, que está prestes a completar 24 anos de existência.

Ela ressaltou ainda que a iniciativa de formar mulheres na TI foi embasada por dados técnicos do setor bancário, feitos pelo movimento sindical. “Quando olhamos os dados [de gênero] da categoria, verificamos que, de 2020 para cá, 96% dos postos de trabalho fechados no setor nosso, financeiro, foram de mulheres. Isso é muito grave”, observou.

Ao mesmo tempo, a área de atuação que mais cresce nos bancos é a da tecnologia, onde um outro levantamento do movimento sindical revelou queda na contratação de mulheres: elas passaram de 31,90%, em 2012, para 25,20% em 2023, na representação do total de profissionais desta área nos bancos. No recorte de raça, o quadro é ainda pior: em 2023, as mulheres negras representavam apenas 6,1% do total de funcionários de TI das instituições bancárias.

“Nós, mulheres, estamos alijadas desse espaço. E, na nossa categoria, desde que teve a pandemia, tivemos um aumento no número de trabalhadores na área de TI, porém, só 25% [hoje] são mulheres (…) Das pessoas que se graduaram recentemente em Ciências de Dados, só 20% são mulheres. E nem todas elas ficam [no mercado de TI]. E nós sabemos as razões disso: a tripla jornada, cuidado com os filhos, é um ambiente [predominantemente] masculino”, explicou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, que também é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Seeb-SP).

Fernanda Lopes, por sua vez, lembrou que a sub-representação de mulheres no setor de tecnologia também está ligada à falta de incentivo “desde criança”, por isso o universo da tecnologia acaba dominado por figuras masculinas, prejudicando, até mesmo, a permanência de mulheres que conseguem acessar alguma vaga.

“É importante atuarmos como sindicato cidadão. Por isso, nosso programa não tem como objetivo somente preparar mulheres em tecnologia para os bancos, mas para todo o mercado de trabalho. Porque não adianta mudar internamente, somente o setor bancário, e não mudar o restante da sociedade”, concluiu.

Ministra da Mulher: “uma grande conquista”

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, parabenizou as bancárias pela iniciativa: “Acho que vamos conseguir fazer uma grande diferença. (…) Para começar, temos de dar um primeiro passo. Hoje são 3.100, daqui a pouco serão 6.200, até a hora que teremos todas as mulheres do Brasil para estarem ou não saírem destes espaços”, concluiu.

A porta-voz da pasta também apresentou o Programa Asas Para o Futuro, que também incentiva a inserção de mulheres em setores da tecnologia, energia, infraestrutura, logística, transportes, ciência e inovação, e com prioridade às candidatas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, negras e indígenas.

Fonte: Contraf-Cut

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