“Votei contra essa mudança, que foi aprovada por maioria. A criação de uma vice-presidência específica para tratar de pessoas é avanço recente, advindo da relevância e complexidade da relação com os empregados, o que envolve direitos trabalhistas, carreira, treinamento, administração de conflitos, relação negocial com entidades sindicais. A pasta veio humanizar a gestão, valorizar o patrimônio humano do banco. O que vemos agora é um retrocesso”, afirmou Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa. “A vinculação das áreas de estratégia e marketing à área de pessoas não é coerente. Essas são áreas transversais em qualquer empresa e normalmente estão alocadas na maior hierarquia executiva”, completou Rita.
Na proposta, a Ouvidoria passa a ser vinculada a uma vice-presidência, quando boas práticas de mercado sugerem (como estabelecido no Manual de Boas Práticas de Ouvidorias Brasil, desenvolvido em parceria pela Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente – ABRAREC e a Associação Brasileira de Ouvidores/Ombudsman – ABO) que: “O Ouvidor deve ser vinculado e subordinado diretamente ao dirigente máximo da organização e deste deverá receber o suporte necessário para o exercício de suas funções, de forma que possa agir com autonomia, imparcialidade e legitimidade junto aos demais dirigentes da organização”.
Da mesma forma, o estatuto padrão da SEST sugere que a Ouvidoria fique diretamente ligada ao Conselho de Administração. “É natural que mudanças, adaptações a novas demandas, façam parte da vida de uma grande empresa como a Caixa, mas isso deve ser precedido de um planejamento detalhado, justificativas palpáveis, estratégia consolidada. O que vemos agora são alterações constantes em toda a estrutura e seus respectivos gestores, sem garantia de tempo para amadurecimento, gerando a ausência de avaliação efetiva e, dessa forma, colocando em risco a continuidade dos processos e a governança do banco”, disse a conselheira.
“É mais uma reestruturação e com sinais claros de retrocesso. Isso reforça a importância da nossa luta contra os desmandos dessa direção. É evidente que querem desestruturar a Caixa. Nós empregados estamos em risco e claro, a sociedade vai sofrer junto porque querem acabar com o banco público e o papel tão importante que ela tem na luta contra a desigualdade”, finalizou Fabiana Uehara Proscholdt, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e secretária da Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).