Precisamos comemorar os espaços conquistados, sem deixar de lado a triste realidade vivida pelas pessoas trans

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Há 18 anos, no dia 29 de janeiro de 2004, foi promovido um ato no Congresso Nacional, em Brasília, pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde com um grupo de mulheres e homens trans e travestis. Era o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”. A data se tornou um marco contra a transfobia no Brasil e foi escolhida como o Dia da Visibilidade Trans.

“Por mais que continuem invisíveis, diversas pessoas transgênero ocupam lugares de destaque na sociedade brasileira. No trabalho, cumprem suas funções, ocupam espaços na vida pública e na política, com representação nos parlamentos, programas de TV, enfim, é uma realidade que está posta e só não vê quem não quer”, observou o dirigente da Executiva da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Adilson Barros.

Séries de TV, com atrizes e atores trans no elenco, como Orange is the new black, Sense 8, Psi, Euphoria e Verdades Secretas 2, na qual a atriz Gabrielle Gambine reclamou de transfobia durante as gravações, tratam abertamente de questões envolvendo pessoas transgênero. Além disso, nos últimos dias, a participação da Linn da Quebrada num reality show, tem conquistado grande atenção dos brasileiros para o tema.

“Essas iniciativas louváveis confirmam o crescimento do reconhecimento e das contratações. E isso é muito bom! É sinal do quanto se pode avançar nas políticas públicas e que as pessoas trans e travestis podem e precisam ser inseridas no mercado de trabalho, com políticas públicas de capacitação. Mas, também mostra que que elas estão aptas. Basta não discriminar”, completou.

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Para além das “telas”

Adilson lamenta, no entanto, que a maioria das pessoas transgênero ainda seja “invisibilizada”. “Infelizmente, ainda persiste o preconceito e a discriminação. Tirando quem tem destaque social, as demais pessoas transgênero têm dificuldade de conseguir emprego. As que conseguem, não ficam no atendimento ao público, não conseguem ascensão na carreira profissional e muitas delas continuam à margem da sociedade, sendo obrigadas a se prostituir para sobreviver. Sem falar dos inúmeros casos de violência a que estas pessoas são submetidas”, disse.

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O dirigente da Contraf-CUT aponta estes fatos tendo como base sua atuação social, mas até mesmo nos dados demográficos esta população é meio que invisível. Não existem informações oficiais sobre a quantidade e nem como vivem as brasileiras e os brasileiros trans. As informações são levantadas por entidades que trabalham com este público, como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que estima que 1,9% da população nacional seja composta por trans.

Com relação à violência, o levantamento aponta que, de 2010 para 2020, o número de assassinatos de pessoas trans aumentou de 99 para 175, um aumento de 76,8%. Os números totais de 2021 ainda não foram computados, mas dados do Boletim 002-2021, da Antra, apontam que foram registrados 89 assassinatos de pessoas trans no primeiro semestre do ano passado.

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“As pessoas trans conseguiram ampliar seu espaço de atuação na sociedade, mas estes números nos trazem uma triste realidade que ainda precisa ser superada”, lamentou o dirigente da Contraf-CUT. “Por isso, temos que comemorar os espaços conquistados, mas sem nos esquecermos de que a realidade ainda é triste, e muito violenta, para as pessoas trans”, concluiu.

Fonte: Contraf-Cut

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