Banco espanhol ignora dedicação de seus empregados durante a crise do coronavírus e corta postos de trabalho, descumprindo a palavra assumida desde março de manter empregos. Bancários preparam protestos em todo o país na quinta, 15/10
Simples, pessoal e justo. Este é o slogan da campanha publicitária que exalta as qualidades comerciais do Santander. Mas essa trindade de “qualidades” só faz sentido da porta das agências para fora. Para dentro, a conversa do Santander é bem outra.
E ela pode ser resumida na falta de palavra do Santander. Ou melhor, essas três qualidades podem ser substituídas por “demissões, demissões, demissões”. Afinal, é isto que o banco espanhol faz em plena pandemia em todo o Brasil: demitir sem se importar com o futuro do país nem com a qualidade dos empregados brasileiros.
Somente no primeiro semestre deste ano, de pandemia, o Santander lucrou R$ 5,989 bilhões. E, claro, divulgou a velha choradeira. O banco teria reduzido seu lucro em 16% nos primeiros seis meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Mas aí entra o truque do banqueiro. E podemos desmascarar a farsa da queda vertiginosa do lucro com as análises do DIEESE. Se não fosse o Santander segurar parte do lucro para enfrentar o pagamento de crédito duvidosos, a Provisão para Débitos Duvidosos (PDD), e o lucro teria crescido 8,8%.
Sim, o banco aumentou em 63% a manutenção de dinheiro em casa, segurando R$ 3,2 bilhões a mais do que segurou em 2019. Se somarmos ao lucro do primeiro semestre, chegaríamos a um lucro líquido real de R$ 7,749 bilhões.
O Santander não tem do que reclamar. Aliás, deveria agradecer os seus empregados brasileiros por garantir 32% do lucro mundial do banco. Acredite, os bancários que enfrentam a pandemia e entregam esse lucro todo para o Santander respondem por praticamente um terço do que o Santander lucra em todas as suas agências espalhadas pelo mundo.
E o que o Santander faz? Ao menos agradece? Nada. Está demitindo colegas qualificadíssimos sem piedade. E o ainda pior: falta com a palavra e com o compromisso, assumido em março e nas mesas de negociação com o COE/Santander, de segurar todos os empregos durante a crise do novo coronavírus. E a prova do “crime”: chegou a colocar no seu balanço que não ia demitir na pandemia.
O diretor do SindBancários e empregado do Santander, Luiz Cassemiro, destaca a crueldade do banco e a falta de compromisso não apenas com os bancários brasileiros mas com a sociedade e o futuro.
“Essas demissões são desnecessárias. O banco não deixou de lucrar nem mesmo com a crise mundial da pandemia. Precisa ter a consciência de que é um grande banco que também tem seus compromissos com a sociedade brasileira. Demitir em tempos tão difíceis para os trabalhadores é um erro estratégico que poderá trazer prejuízos ao próprio banco no futuro”, salientou Cassemiro.
O dirigente anunciou que, nesta quinta-feira, 15/10, os bancários da base do SindBancários e de todo o país irão realizar protestos contra as demissões no Santander. “O banco poderia fazer a sua parte, contribuindo para reduzir o medo que os bancários têm de trabalhar presencialmente nas agências. É uma falta de consideração sem precedentes adicionar ao medo da Covid-19, o medo de demissão”, finalizou Cassemiro.
Fonte: Imprensa SindBancários