Em plena pandemia, banco deixa gestante sem emprego nem convênio médico; Sindicato teve que apelar para a Justiça que determinou sua reintegração em sede de tutela de urgência
O Sindicato de São Paulo, Osasco e Região conseguiu na Justiça a reintegração de uma bancária do Santander, demitida grávida em plena pandemia de coronavírus. A trabalhadora foi desligada em junho. Após confirmação da gravidez, o Sindicato tentou reverter a decisão por via negocial, mas o banco negou e deu sequência ao processo de desligamento. O Sindicato então entrou na Justiça com pedido para restabelecer o vínculo empregatício, e a juíza responsável pela ação determinou a reintegração em sede de tutela de urgência.
A bancária foi reintegrada oficialmente na tarde desta quarta-feira 16, com a presença do Sindicato. Como ela é do grupo de risco, por estar gestante, não pode retornar para o trabalho presencial, portanto, fica à disposição do banco para o regime de home office. Seu convênio médico e todos os direitos e verbas trabalhistas foram restabelecidos nesta mesma quarta-feira.
“O Santander efetuou esse desligamento em meio a uma pandemia. E mesmo após ser notificado da gravidez, com comprovação por exame, não reviu a demissão. Assim, não nos deixou alternativa a não ser a via judicial, o que estendeu ainda mais a insegurança da trabalhadora. A postura do banco espanhol no Brasil foi desumana: demitir uma funcionária grávida, precisando do convênio médico para exames pré-natais, em meio a uma pandemia que está fazendo milhares de mortes no país é extremamente cruel”, critica a diretora do Sindicato e bancária do Santander Lucimara Malaquias.
“O Santander Brasil, que descumpriu compromisso firmado com o movimento sindical em março, de não demitir na pandemia, tem pressa para eliminar as pessoas, mas não tem pressa nenhuma em solucionar os problemas, que só se acumulam e piora a cada dia a vida dos funcionários”, acrescenta Lucimara.
A dirigente acompanhou o rito legal de reintegração, ocorrido na sede do banco, com a presença do oficial de justiça. Ela conta que, antes mesmo de a bancária assinar o termo, a advogada do Santander mencionou a possibilidade de um acordo para o desligamento da trabalhadora. “Ou seja, o banco errou ao demitir, errou em proceder o desligamento e demonstra total insensibilidade com uma mulher grávida, ao insinuar um acordo antes mesmo de assinar o termo jurídico. Esse é o jeitinho Santander de fazer gestão de pessoas. Sensibilidade zero, respeito zero. Sabemos que um acordo pode ser proposto e até aceito, mas no momento da reintegração, onde a moça está preocupada com o convênio médico e exames para serem realizados?! É absurdo até mesmo para uma empresa como o Santander Brasil”, conclui.